Blog do Sergio Matias
![]() |
Fachada do Aeroporto Regional de Bacabal |
Uma organização criminosa comandada por empresários brasileiros era
responsável pelo transporte de cocaína das Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia (Farc) da Venezuela para Honduras, onde toneladas da droga
eram entregues aos cartéis mexicanos de Sinaloa e Los Zetas. O grupo
comprava códigos de identificação do controle aéreo venezuelano que, assim,
deixava de abater o avião. Cada voo pagava até US$ 400 mil de propina a militares
da Venezuela.
Na terça-feira (3), a Delegacia de Repressão a Entorpecentes da
Na terça-feira (3), a Delegacia de Repressão a Entorpecentes da
superintendência paulista da Polícia Federal (PF) cumpriu 13 mandados de
busca e apreensão em São Paulo, Minas e Mato Grosso. Bens - imóveis e
empresas - e contas bancárias foram sequestrados pela Justiça Federal.
As investigações, que começaram em 2012, já haviam resultado na apreensão
do helicóptero da empresa Limeira Participações, do senador Zezé Perrella
(PDT-MG), em 2013, no Espírito Santo, com 445 quilos de cocaína. As
buscas de anteontem (2) encerraram a primeira fase da Operação Dona Barbara,
da PF.
Segundo relatório enviado à Justiça pelo delegado Rodrigo Levin, a apuração
Segundo relatório enviado à Justiça pelo delegado Rodrigo Levin, a apuração
começou com a vigilância de dois empresários brasileiros - Manoel Meleiro
Gonsalez e Ronald Roland. Eles estariam comprando aeronaves e
preparando carregamentos de cocaína - a rota Venezuela-Honduras era só
uma suspeita. Os agentes passaram a vigiar os alvos e seus aviões.
O inquérito mostra as negociações entre os traficantes e militares da
Venezuela descritas em mensagens de celular dos brasileiros para o tráfico
de Colômbia, Venezuela e Honduras. O grupo usava apenas aparelhos de
telefone BlackBerry, pois acreditava que suas mensagens não poderiam
ser interceptadas pela polícia.
Em uma delas, por exemplo, o homem apontado pela PF como líder da organização
- o fazendeiro brasileiro Paulo Flores - escreve, às 7h57 de 5 de setembro de 2013,
ao hondurenho José Cristian Espinosa Erazo, dizendo que os aviões
aguardavam “el permiso de los teles” (os códigos) para entrar no espaço
aéreo venezuelano.
Aeroporto de Bacabal
Aeroporto de Bacabal
Há diversas mensagens em que são mencionados valores da propina de até
US$ 400 mil para os militares do país vizinho. Os aviões partiam de cidades do
interior paulista, de Sinop (MT), São Felix do Araguaia (TO) e, pasmem, do
Aeroporto Regional Presidente José Sarney, em Bacabal. Antes de decolar, os
pilotos recebiam o código transponder - número que faz a aeronave emitir um
sinal que identificará o voo nos radares - da Venezuela.
Com o código, afirma a PF, a força aérea daquele país sabia que o avião havia
pago propina e, assim, não o abatia, mesmo quando a polícia daquele país
era informada pela PF brasileira a respeito do voo. As aeronaves pousavam no
lugarejo de Aparte, no Departamento de Zulia, perto da base militar de Maracaibo.
Em pelo menos uma oportunidade, os traficantes trocaram mensagens dizendo
que pagaram propina complementar de US$ 100 mil para guardar o avião em
um hangar do Exército venezuelano.
Os traficantes citam um “coronel” e um “general” como contatos para os pagamentos. Em Aparte, os aviões eram carregados com a droga trazida pelas Farc, da Colômbia. O venezuelano Euder Jaramillo Perdomo cuidaria da logística. Com outro
código transponder, o avião rumava para Honduras. Ali, a propina para a polícia era
de US$ 200 mil por voo. A droga era entregue aos mexicanos - de 700 quilos a
2,5 toneladas de cocaína.
Muitas aeronaves foram abandonadas pelos pilotos em Honduras - parte foi
queimada para não deixar vestígios. Os pilotos usavam, então, passaportes
falsos hondurenhos e guatemaltecos para voltar ao Brasil pela fronteira com o Paraguai.
Inocentes
Paulo Flores é um dos três acusados do grupo que foi preso durante a investigação
Paulo Flores é um dos três acusados do grupo que foi preso durante a investigação
com R$ 2,3 milhões em dinheiro - dono de sete empresas aéreas, ele alega
inocência. Ronald Roland e Manoel Gonsalez respondem ao inquérito em liberdade e
se dizem inocentes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
EM TEMPO: O caso continua sendo investigado e, por enquanto, a Polícia Federal
não sabe ou não divulgou se há pessoas de Bacabal ou da região envolvidas com
essa organização criminosa internacional.
Na tarde desta quarta-feira (3) uma viatura da PF foi vista em nossa cidade.
Na tarde desta quarta-feira (3) uma viatura da PF foi vista em nossa cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário